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O amor é feito de açúcar

Já ouviu falar em relação sugar? Conversamos com duas babies, um daddy e uma mommy para entender melhor esse jeito (nada novo) de se relacionar

por Alana Della Nina Atualizado em 21 set 2020, 10h22 - Publicado em 11 set 2020 01h34
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(Clube Lambada/Ilustração)

Torne-se uma sugar baby. Arrume um daddy hoje mesmo.” Quando você se depara com um convite enigmático desses no Google, não resta alternativa: é preciso abri-lo. Como é da natureza do ser humano que navega na internet, esqueci rapidamente meu objetivo primário – encontrar uma determinada música com a palavra “sugar” no nome – e, movida pela curiosidade, cliquei no link. Fui, então, apresentada a um universo completamente desconhecido (e fascinante ao seu próprio modo, vale dizer): o das relações sugar. Ou sugar datings, para usar o termo correto em inglês. 

A coisa funciona assim em um site sugar: mulheres mais jovens, geralmente nas faixa dos 25 anos, as chamadas sugar babies, procuram relações com homens mais velhos, bem-sucedidos e, invariavelmente, ricos. A regra é clara: cada um diz, logo de cara, o que quer ou o que pode oferecer. Entre as perguntas que daddies precisam responder estão renda mensal e patrimônio. E, dentro da lista de desejos das babies, tem de tudo – de mimos a presentes caros, viagens ou até ajuda financeira. Há quem procure um lance casual, um caso extraconjugal ou um relacionamento sério. O importante é jogar as cartas na mesa. 

Claro, há também outras configurações de gênero – porém, sempre com essa dinâmica –, como as entre babies homens e sugar mommies, além de casais gays. Mas, de longe, a interação entre as sugar babies e os sugar daddies é a mais comum. Não à toa, no site MeuPatrocínio, plataforma de relacionamentos sugar que lidera o mercado no Brasil, dos cerca de 3,1 milhões de cadastros, mais de 2 milhões são de sugar babies mulheres. Há também a versão gay, para homens e mulheres. No último levantamento realizado pelo MeuPatrocínio, em março de 2019, eles estão concentrados principalmente nos estados de São Paulo (30%) e Rio de Janeiro (21%). Os chamados sugar daddies já totalizam 29 mil inscritos para 144 mil sugar babies, com idade média de 42 e 24 anos respectivamente.

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(Roberto Seba/Fotografia)

Claro, não é de hoje que esse tipo de relação acontece. No início do século passado, era comum que homens ricos mantivessem, para além do casamento, suas concubinas, mulheres com quem não havia compromisso de papel passado, mas cuja relação se caracterizava pela frequência e pelo apoio financeiro proporcionado pelo homem. O fato de uma relação sugar soar como uma reedição de relações abertamente machistas, nas quais homens exercem poder e controle sobre as mulheres, não passa batido para muitas organizações feministas e de direitos humanos que condenam a prática – para Haley Halverson, vice-presidente do National Center on Sexual Exploitation, o sugar dating torna a mulher mais vulnerável a sofrer violência sexual, extorsão e chantagem, já que pode acabar dependente do dinheiro, como ela declarou para o Texas Public Radio.

No entanto, há quem viva a realidade de uma relação sugar garantindo que nada disso acontece – pelo menos não com elas, claro. “As sugar babies hoje são mulheres empoderadas, que sabem o que querem. Elas não dependem de seus daddies. São mulheres que trabalham, estudam, têm autonomia, mas gostam do estilo de vida que os daddies proporcionam”, explica Jennifer Lobo, fundadora e CEO do MeuPatrocínio, lançado no Brasil em novembro de 2015. 

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(Roberto Seba/Fotografia)

A paulistana Fernanda Rizzi se enquadra no perfil descrito por Jennifer: ela tem duas filhas, é formada em duas faculdades e trabalha como assistente-executiva em um escritório de advocacia. Entrou no site há quatro anos e logo conheceu seu daddy, um francês de 53 anos. “Ficamos juntos por três anos, foi uma relação super intensa. Ele era casado e acabou voltando para a França. Ele nunca me deu dinheiro, mas me dava presentes, viagens, me levou para Paris no meu aniversário, em uma viagem de fim de semana. Realizou meu sonho de vida.” O relacionamento, segundo a assistente-executiva, era baseado no desejo mútuo. “A gente ficava junto quando tinha vontade, ninguém obrigava ninguém a nada e não havia promessas. Podia acabar a qualquer momento, como acabou.” 

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“Você consegue achar alguém que você goste, respeite, ache atraente, e que também tenha a condição financeira e o estilo de vida que você quer para a sua vida. Você não tem que escolher entre um e outro, pode ter os dois”

Jennifer Lobo, CEO do MeuPatrocínio

Fernanda, que tem 39 anos – idade acima da média das sugar babies, que estão na casa dos 20 –, é prova de que o estilo sugar, como em qualquer universo que envolve relações humanas, é cheio de camadas complexas. Ou, falando no bom e velho português, tem de tudo. “Tem cara que não quer menininha, gosta de mulher com conteúdo, postura, sabe? Uma vez um cara me mandou mensagem dizendo que tinha um jantar importante com um político do alto escalão e precisava de uma acompanhante de classe. Ele me disse que eu era super a elegante, parecia a Victoria Beckham. Combinamos um cachê pelo jantar, ele mandou roupa, sapato para minha casa, pagou Uber, me levou de volta com motorista. E não rolou nada, foi super respeitoso. Hoje, somos amigos, ele me liga para contar da mulher, das filhas.” 

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(Roberto Seba/Fotografia)

Segundo pesquisa realizada, em outubro de 2019, com 1.700 usuários da plataforma MeuPatrocínio, a maioria – 64,5% – revelou estar à procura de alguém para um relacionamento sério e 3,8% pretendem casar e constituir família. Aqueles que desejam continuar solteiros e apenas curtir são 31,7%. Ou seja, de modo geral, todo mundo quer, no fundo, uma boa companhia. Prova disso é que, durante a pandemia, incrivelmente, o movimento nos sites sugar cresceu – de acordo com a assessoria do MeuPatrocínio, até o início do isolamento social, o site tinha cerca de 20 mil cadastros semanais; depois passaram a ser, em média, 36 mil. Além disso, antes da chegada da pandemia no país, a plataforma registrava 136 mil mensagens enviadas por dia. Hoje, são mais de 1 milhão. E o pessoal anda navegando mais tempo pelo site: os 30 minutos diários pularam para 90. “Fiquei surpresa com esse boom, tinha zero ideias do que poderia acontecer durante a quarentena. Mas é interessante porque a gente vê que há uma vontade genuína em conhecer alguém legal. Então é isso, você vai lá, faz um facetime, abre um vinho, bate um papo, vai conhecendo a pessoa… Não é porque está isolado que tem que ficar sozinho”, diz Jennifer. 

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Sazonalidades pandêmicas à parte, Jennifer atribui parte do sucesso da modalidade à transparência com que trata um dos maiores tabus da humanidade: o dinheiro. Mais que isso: o dinheiro dentro das relações românticas. “É um site de relacionamento tradicional, só que com mais liberdade de falar sobre assuntos de finanças, que é um aspecto importante e todo mundo finge que não, mas 57% dos divórcios acontecem por causa de questões financeiras”, diz. “Se as pessoas têm estilos de vida diferentes, intenções diferentes, não vai dar certo, então a proposta de uma relação sugar é que essas coisas fiquem claras desde o começo. Ali, você consegue achar alguém que você goste, respeite, ache atraente, e que também tenha a condição financeira e o estilo de vida que você quer para a sua vida. Você não tem que escolher entre um e outro, pode ter os dois”, defende a empreendedora americana, filha de brasileiros que, hoje, vive no Rio de Janeiro. 

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(Roberto Seba/Fotografia)

“Se você tem e pode pagar, por que a festa vai acabar?”, provoca Marisa Araújo. A empresária carioca de 58 anos é uma feliz adepta do estilo de vida sugar – e uma das raras mommies do Brasil – as mulheres com esse perfil representam apenas 50 mil entre os mais de 3 milhões de inscritos no MeuPatrocínio. Após três casamentos, Marisa, que tem dois filhos, diz que não quer saber mais de relações convencionais. “Não acho honesto, sabe? A gente nasceu para ser livre. Meu último relacionamento foi aberto, não deu certo, mas gostei da proposta”, conta ela, que entrou no site há quatro anos e hoje se relaciona com um sugar baby de 35 anos. “Meu primeiro casamento durou 24 anos e ele pagava tudo para mim, mas me sentia oprimida, abafada. Quando me separei, quis trabalhar, ser independente, dona da minha vida. Então, hoje acho assim: se ele não pode pagar, mas eu posso, por que não? Qual é o problema? Mulher não tem vergonha quando o cara paga, por que o contrário acontece? A gente está num país atrasado, machista e dominado por pessoas preconceituosas. O Brasil ainda é dos homens. Mas não estou nem aí, me sinto poderosa pagando uma conta, sabe? Não deixo a festa acabar, se depender de mim, a festa vai sempre continuar”, diz a mommy.  

“Se ele não pode pagar, mas eu posso, por que não? Mulher não tem vergonha quando o cara paga, por que o contrário acontece? A gente está num país atrasado, machista e dominado por pessoas preconceituosas. O Brasil ainda é dos homens. Mas não estou nem aí, me sinto poderosa pagando uma conta”

Marisa Araújo
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O engenheiro Francisco*, 53 anos, viu na proposta dos sites sugar uma maneira mais simples de encontrar mulheres mais jovens, perfil que sempre o atraiu. “Em uma balada, por exemplo, é difícil saber se aquela mulher mais jovem está procurando um homem mais velho, é um risco. Nesses sites, os objetivos são mais claros”, conta ele, que é divorciado, tem duas filhas e dois netos. Hoje, em uma relação de dois anos com uma mulher de 30 que conheceu pela plataforma, Francisco diz não acreditar que as pessoas buscam um relacionamento sugar puramente pelo dinheiro. “Quando você entra em uma relação olhando apenas para o que o outro pode te proporcionar, de te dar presentes ou te bancar, essa união não vai para frente. Claro, gosto de dar presentes, de agradar, mas isso é natural, não um acordo pré-estabelecido”, diz o engenheiro. “Para mim, a proposta de uma relação sugar tem muito mais a ver com o encontro desses perfis: homens interessados em mulheres mais jovens, mas independentes e bem-resolvidas que, por sua vez, buscam parceiros experientes, seguros e estáveis.”

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(Roberto Seba/Fotografia)
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A pergunta que Jennifer Lobo – e, provavelmente, todos os sugar que se dispõem a falar sobre o assunto – mais escuta é: “Mas isso não é prostituição?”. A fundadora do MeuPatrocínio é categórica: “Não tem nada a ver. O site é para promover relações baseadas nessa transparência, sejam casuais ou sérias. Obviamente não estou julgando ninguém, cada um faz o que quer, só não é nossa proposta.” 

Para Jennifer, a forma mais segura de garantir uma troca transparente e honesta desde o início – premissa que baseia todo o seu negócio – foi criar um processo seletivo super rigoroso e uma política de tolerância zero: ofereceu/pediu programa? Tchau. Foi denunciado/a? Tchau. Qualquer conduta que desrespeite as regras do site acarreta banimento. E não falta investimento em tecnologia de inteligência artificial – e inteligência humana também, vale destacar – para identificar e excluir a turma mal-intencionada. Além de um canal de denúncias, há equipes de moderadores e de profissionais que cuidam de cada cadastro que entra no sistema. “A fila de aprovação para sugar babies é longa. Foi a forma mais segura que encontramos de garantir que aqueles perfis são reais e estão em concordância com nosso modelo de negócio”, diz a CEO.

“Já ouvi propostas para fazer programa, mas também já vivi um relacionamento maravilhoso e já recebi apenas convites casuais. É responsabilidade nossa também, tanto de sugar babies quanto de daddies e mommies, contribuir para que essas trocas sejam sempre saudáveis”

Fernanda Rizzi

“As regras são claras, mas é muita gente, então a gente acaba exposta a situações desagradáveis. Já ouvi propostas para fazer programa, mas também já vivi um relacionamento maravilhoso e já recebi apenas convites casuais. É responsabilidade nossa também, tanto de sugar babies quanto de daddies e mommies, contribuir para que essas trocas sejam sempre saudáveis”, opina a sugar baby Fernanda. 

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Para Jennifer, a falta de uma cultura sugar no Brasil contribui para a confusão. “Esse é um modelo muito conhecido nos Estados Unidos, foi lá que surgiu nos anos 2000, as pessoas entendem melhor. Aqui é muito recente ainda, as pessoas estão se educando mais, principalmente agora”, diz.

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(Roberto Seba/Fotografia)

A mommy Marisa também não consegue ver semelhança entre prostituição e a dinâmica desse tipo de relação. “Prostituição não pressupõe um entendimento, uma conexão entre as duas pessoas. É troca, fria e crua. Em uma relação sugar, tem que rolar essa liga. Você pode ir num primeiro encontro e perceber que não era aquilo, você cai fora, sendo baby, mommy, daddy. Precisa ter essa empatia, porque aí é natural rolar tesão, carinho, amizade”, ela diz. No entanto, a empresária carioca acredita que, nas relações em que as mulheres são as mommies, essa troca é mais flexível. “É muito enraizada essa coisa de o homem mandar. Então acho que muitas mulheres, quando o cara paga conta, se sentem pressionadas a transar com ele. Já quando acontece o contrário, não, acho que as mulheres são mais sutis, não forçam a barra.” 

Ainda que adeptos saibam dizer o que uma relação sugar não é, definir seus limites não é tarefa tão fácil, nem mesmo para quem está no jogo faz tempo, como Marisa que, com seu sugar baby de 35 anos, ainda não achou o termo certo para definir a relação. “Acho que somos amigos coloridos ou posso dizer que foi tipo um namoro mesmo. Mas o mais importante é que, acima de tudo, somos amigos”, ela diz, despreocupada.

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“Prostituição não pressupõe um entendimento, uma conexão entre as duas pessoas. É troca, fria e crua. Em uma relação sugar, tem que rolar essa liga. Você pode ir num primeiro encontro e perceber que não era aquilo, você cai fora, sendo baby, mommy, daddy”

Marisa Araújo

Carioca no quinto ano do curso de Administração, a sugar baby Ana* está em uma relação com um daddy há 8 meses, e acredita que esses parâmetros devem ser definidos logo no início, para não rolar cobrança de nenhum dos lados. “A relação sugar não é necessariamente monogâmica, isso depende bastante do interesse e gosto de cada um envolvido. No meu relacionamento, por exemplo, só cabemos nós dois. Mas quando não estamos juntos, temos a liberdade de nos relacionar com quem quisermos, desde que isso não interfira em nossa relação”, ela diz. Fernanda concorda que é tudo questão de acordo e que, já que você topou viver uma relação sugar, por que não ser honesta sobre as suas expectativas? “O cara precisa entender que quando vai se relacionar com uma baby, essa menina vai querer presentes, roupas, viagens, jantares, ajuda para pagar a faculdade. Aí cada um tem que falar qual é sua prioridade para entender se faz sentido.” 

Seja qual for a escolha de cada uma, babies e mommies concordam em um ponto: não rola submissão nem prestação de contas. E nelas ninguém manda – seja como daddy, seja como sociedade que não aceita uma mulher mais velha saindo com um cara mais novo. Ou, como diz Marisa: “A hora é agora de a gente levantar essa bandeira e libertar as mulheres dessa obrigação de fazer algo por um homem só porque ele está pagando e dessa culpa: ‘Ah, se eu pagar vai ficar feio para mim.’ Feio? Feio é você não se divertir, não ser feliz, feio é você sair com um cara e se sentir obrigada a dar pra ele porque ele vai pagar a conta. Isso é feio. A gente tem que se libertar.”

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(Roberto Seba/Fotografia)

“Descobri o relacionamento sugar por acaso, há uns quatro anos, em uma conversa com um amigo. Estava desabafando com ele sobre minha última relação, que tinha sido super abusiva. Foi um namoro que me esgotou emocionalmente e me trouxe diversos prejuízos, inclusive financeiros. E esse amigo me disse: ‘Você precisa parar com essa coisa de sempre estar num relacionamento em que você é quem manda. Para variar, você precisa ser mimada, ser patrocinada.’ Ele me contou sobre o site e, sem eu saber, pegou fotos nas minhas redes sociais e criou um perfil para mim. Uma semana depois, resolvi entrar na plataforma e ver qual era. Eu tinha umas 230 mensagens! Comecei a ler e, ali, já fui criando filtros. Em um primeiro momento, como muita gente, pensei que fosse prostituição, fiquei com medo de marcar um encontro e me sentir obrigada a transar com o cara. Mas não foi isso o que aconteceu. Pelo contrário: jantei com algumas pessoas e sempre foi super respeitoso, com muitos não chegou a rolar nada, de outros virei até amiga. Mas tive só uma relação, super intensa, de três anos com um daddy francês, de 53 anos. Ele nunca chegou a me dar dinheiro, me pagava viagens, cursos, jantares, presentes. Meu daddy realizou meu sonho de conhecer Paris, me levou para lá duas vezes. A gente teve uma sintonia muito bacana, mas ele teve que voltar para o país dele por questões profissionais, então, decidimos seguir nossas vidas separados. Hoje, estou em uma relação ‘convencional’, com uma pessoa que conheci fora da plataforma.”
Fernanda Rizzi, 39 anos, sugar baby

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“Na época em que criei meu perfil como sugar baby, há um ano, a relação sugar estava começando a ser bastante comentada aqui no Rio, diversos amigos falavam com frequência sobre isso, e, por curiosidade, decidi entrar. Eu já havia experimentado outros sites de relacionamento, mas não nesse estilo sugar. Logo que entrei no site, não dei tanta atenção às mensagens que recebia. Não tinha nenhuma condição clara do que queria, apenas procurava um parceiro que de fato me proporcionasse uma parceria. Amizade acima de tudo. Que fosse transparente e nada tóxico, cada um com sua individualidade. Cerca de 4 meses depois conheci um cara legal, meu daddy atual. Nos entrosamos muito no papo. Com uma semana de conversa, decidimos nos encontrar. Ele é de São Paulo, mas vem ao Rio de 15 em 15 dias, a trabalho. Fomos, no nosso primeiro encontro, a um restaurante em Ipanema, foi muito legal. Daí engatamos uma relação, que já dura 8 meses. Justamente pela distância, decidimos manter um relacionamento transparente e aberto. O único limite que estabeleci de cara foi não me envolver, na mesma relação, com mais de uma pessoa. Sempre que ele está aqui no Rio ficamos juntos. Temos intimidade e construímos uma amizade bacana. Desse jeito, não pesamos a relação e nos proporcionamos o que cada um deseja.”
Ana*, 22 anos, sugar baby

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“Conheci a plataforma porque eles mandaram uma sugestão de pauta para o meu site. Publiquei a matéria, achei o assunto curioso, interessante e, como eu já estava nessa vibe de entender o que era o relacionamento aberto, decidi tentar. Isso logo no início, faz mais de quatro anos. Não cheguei a sair com muitos babies, acho foram dois ou três, até que conheci a pessoa com quem me relaciono hoje, um rapaz de 35 anos, e não saí mais com outros. Nada me impede, nossa relação é aberta, mas estou confortável com ele. A gente gosta de sair para jantar, dançar – isso antes da pandemia, claro – e de ficar em casa. Demoramos para ter alguma coisa. A gente se conheceu na plataforma, trocamos algumas mensagens e o chamei para um evento. Queria ver a postura dele, como ele se vestia, se comportava, falava. Depois disso, a gente saiu para jantar e aí rolou, nos vemos até hoje, faz uns dois anos já. O relacionamento sugar é o que antigamente a gente chamava de amante, não no sentido extraconjugal, mas por ser casual. Mas acho que o sugar é um amante melhorado, sabe? Você não tem obrigação nenhuma, cada um faz o que quer. Nem sexo precisa ter, se alguém não quiser. Eu gosto de estar com ele, gosto de proporcionar momentos legais, dar presentes, qual é o problema? A gente se gosta, se diverte, tem sintonia, conversa. Independentemente do rótulo que a gente pode querer dar, a relação acabou virando uma amizade de verdade.”
Marisa Araújo, 58 anos, sugar mommy 

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“Sempre me relacionei com mulheres 15, 20 anos mais jovens do que eu. Aí um amigo me falou sobre um site que tinha esse perfil, de homens mais velhos procurando mulheres mais novas, entrei e gostei da proposta. Isso faz uns quatro anos. Na plataforma, comecei a trocar mensagens com algumas mulheres. Não vejo diferença entre esse tipo de abordagem e a de qualquer outro site de relacionamento. Nem mesmo quando você conhece alguém em uma balada – você vê a pessoa, se interessa e vai tentar conversar, descobrir mais sobre ela. A dinâmica é parecida. E eu também estava procurando uma coisa mais natural, orgânica. Quando alguma mulher já vinha estabelecer uma determinada condição, eu respondia: ‘você não está procurando uma relação, mas um contrato’, e já descartava. Eu queria algo mais espontâneo e foram assim meus relacionamentos dentro do site. Não vejo a proposta como uma troca – eu te dou minha companhia, você me dá dinheiro, presentes etc. Se eu pago alguma coisa porque tenho uma condição financeira melhor, é diferente, acontece naturalmente. Mas acho que lá tem espaço para todo mundo, só não era a minha. Eu queria uma relação de verdade e a mulher ideal deveria ter como objetivo se relacionar com um cara mais velho, vivido, experiente, estável, e não mirar no dinheiro. Tive encontros que não deram em nada e namoros que duraram alguns meses. Hoje, estou em uma relação há dois anos, ela tem 30 anos. Apesar de a gente ter se conhecido pelo site sugar, nosso namoro é tradicional, como qualquer outro.”
Francisco*, 53 anos, sugar daddy

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(Roberto Seba/Fotografia)
Para começar

Todo mundo pode se cadastrar gratuitamente na plataforma. Para iniciar uma conversa, os daddies e mommies têm dez mensagens gratuitas – essa foi a forma que Jennifer Lobo, criadora do site, encontrou para mostrar que tudo ali funciona, que as pessoas são reais e verificadas. Quem gostar da experiência, deve escolher uma modalidade de assinatura. São duas: Premium, que custa R$ 279 por mês, e o Elite, no valor de R$ 999 por mês. Ambos os planos oferecem descontos para quem fechar o trimestre ou o semestre. Nos dois, você pode conversar com quantas pessoas quiser, sem limite. A diferença é que, no Elite, você tem um selo exclusivo, além de antecedentes criminais verificados e ainda ganha mais destaque no Brasil inteiro.

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As imagens que você viu nessa reportagem foram feitas por Roberto Seba. Confira mais de seu trabalho aqui

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